Wednesday, July 01, 2009

"Não é da minha conta"

geralmente eu ficaria irritada, como aconteceu com o Requião. mas dessa vez eu gostei.

celebridades brasileiras agora deram pra se manifestar contra o Sarney no Twitter, emplacando #forasarney no Trending Topics (eu nem sabia o que era isso), um ranking das palavras mais citadas no "mobile web". crentes de que a iniciativa deles seria louvada em todo o mundo (claro, zilhões de brasileiros, inclusive famosos, se indignando com a política do país digitando #forasarney no twitter é de se admirar), resolveram pedir pro Ashton Kutcher fazer o mesmo. olha a resposta:

"2 my brazilian tweeps. Only U have the power 2 impeach your senator. It´s YOUR country U have 2 stand 4 what you believe. I have no vote",

“Só VOCÊS têm o poder de tirar seu senador. É SEU país. Vocês têm que lutar pelo que VOCÊS acreditam. Eu não tenho voto”

essa sim mereceu meu aplauso. ao contrário de quando fui entrevistar o nosso governador do Paraná, o Requião, pedindo sua opinião sobre a idéia que nosso prefeito de Londrina teve de transferir o local de construção do Teatro Municipal (um projeto que já vem sendo discutido desde o final dos anos 60, e que só agora saiu dos papéis e tem até local definido) para o Jardim Botânico (um projeto do GOVERNO ESTADUAL), atrasando ainda mais as obras. "o prefeito é o Barbosa Neto. eu não sou o prefeito", disse ele.



Monday, May 19, 2008

Encontre refugiados

No Google, ao fazer uma pesquisa de artigos científicos sobre "refugiados". De volta ao Brasil Colônia.

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Monday, May 12, 2008

EPILÉPTICO, de David B.


Pierre-François Béchard, hoje conhecido como o aclamado quadrinista francês David B., teve sua infância abalada pela doença de seu irmão Jean-Christóphe, o haut mal (epilepsia, em francês). Saída de uma cidadezinha chamada Nîmes, próxima a Orléans, na França, a família de David B. percorre a Europa atrás de uma cura para a doença do irmão mais velho.

Epiléptico é a autobiografia em quadrinhos de David B. que, com olhos de Fafou (como era chamado, aos cinco anos), representa graficamente a turbulência causada pela doença de Jean-Christóphe.
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Saturday, January 12, 2008

Crônica da Cidade do México

Meio século depois de Superman ter nascido em Nova Iorque, Superbarrio anda pelas ruas e telhados da Cidade do México. O prestigioso norte-americano de aço, símbolo universal do poder, vive numa cidade chamada Metrópolis. Superbarrio, um mexicano qualquer de carne e osso, herói dos pobres, vive num subúrbio chamado Nezahualcóyotl.

Superbarrio tem barriga e pernas tortas. Usa máscara vermelha e capa amarela. Não luta contra múmias, fantasmas ou vampiros. Numa ponta da cidade enfrenta a polícia e salva uns mortos de fome de serem despejados; na outra ponta, ao mesmo tempo, encabeça uma manifestação em defesa dos direitos da mulher ou contra o envenenamento do ar; e no centro, enquanto isso, invade o Congresso Nacional e dispara um discurso denunciando as porcarias do governo.

Eduardo Galeano – O Livro dos Abraços

Superbarrio é um personagem real.

Sunday, August 12, 2007

Pai é um troço engraçado

Pai é um troço engraçado. Ao contrário da mãe, que berra quando está brava, chora e faz chantagem emocional quando está chateada, o pai não faz nada disso. Pelo menos o meu. Toda a expressão emocional do patriarca da família se resume a uma onomatopéia: “Hum”. “Hum” quando se sente contrariado com algum aviso ou pedido, “hum” quando se sente feliz com alguma realização dos filhos.

Demonstrar sentimentos é algo tão condenável, que poderia resultar em dez fins de semana seguidos levando mãe e filha para passear no shopping, como forma de auto-flagelamento. E para piorar, o Sr. Chiba tenta ainda confundir a gente com declarações contraditórias. Acontece, por exemplo, quando ganha um presente. Seria capaz de dizer a respeito da camisa que acabara de ganhar, que seria ela de boa serventia... para pular carnaval. Ou mesmo se ganhasse, de brincadeira por parte dos filhos, uma bengala, diria: “Agora sim, tenho alguma coisa com que dar na cabeça de vocês!”.

O pai, por essas e outras, me parece intocável e indestrutível. Tanto, que além de ser inspiração para os filhos homens, é também para a filha. E essa é a história de como comecei a me tornar meio mulher-homem.

Thursday, June 14, 2007

Patrimônio público. Atenção: entrada restrita

Em meio a uma discussão sobre reciclagem, palavra que nos jargões da arquitetura significa atribuir nova função a uma construção antiga, em um curso sobre patrimônio, uma estudante levantou-se, indignada, quando o professor citou a conversão do Hotel Aliança, histórico na cidade de Londrina, em um shopping popular. A moça reclamou que, ao invés de o espaço ser tomado por trabalhadores informais, ou camelôs, deveria ser o hotel histórico ocupado por funções mais “culturais”, tais quais teatros, museus e cinemas. O argumento da moça traduz-se na visão que nos é imposta pela história oficial, de que a memória de um local é a memória circunscrita a determinado grupo social, o de elite.


Quando ouvimos “patrimônio histórico” no Brasil, rapidamente remetemo-nos a construções exuberantes, localizadas nas grandes metrópoles do país: o Teatro Municipal, no Rio de Janeiro, o Congresso Nacional, em Brasília, as belas igrejas barrocas de Ouro Preto, em Minas Gerais. E, por coincidência, essas mesmas construções tiveram o aval do governo para serem tombadas. Teatros, congressos, museus. “Cultura”, para a estudante acima, como se cultura fosse apenas o que se vê em locais assim. São, na verdade, locais inacessíveis para a maioria da população, legitimando a idéia de que o espaço histórico e cultural é um espaço de circulação e usufruto exclusivo da elite social.

“A História é uma forma de dominação política”, disse o professor de História da Universidade Filadélfia (Unifil), Leandro Magalhães, aquele que ministrava o curso de patrimônio, quando a garota se rebelou. “Por meio da História, é possível legitimar idéias, quando nos é imposto o que deve ser lembrado e o que não deve ser lembrado”, completou. De fato. Temos, no Brasil, a História dos jesuítas, que vieram da Europa catequizar índios e negros, a memória dos presidentes e governadores, a História dos desbravadores da terra paulista, ou seja, a memória dos vitoriosos, daqueles que detêm o poder, os dominantes políticos, concretizadas em construções tombadas pelo governo federal.

Iniciativa que veio a derrubar a idéia de história elitizada é a História Oral, validada principalmente pelo historiador britânico Edward Palmer Thompson. Partindo do princípio de que fontes históricas vão além de documentos, objetos e locais históricos, a História Oral usa pessoas comuns como fontes. Claro, sempre levando em conta detalhes que podem obstruir o caminho da informação, como falhas de memória, autopromoção, ou omissões. Mas usar pessoas comuns como fontes de informação histórica nos leva a várias versões do mesmo fato, e não uma dominante, o que corresponde quase a uma democracia na construção da memória. Ora, se pessoas comuns podem participar da construção da história, por que elas também não podem interagir com a memória concreta, no caso com construções históricas, de grande importância para um determinado local, e posteriormente tornar-se parte dessa memória?

O Hotel Aliança é uma construção planejada no estilo art déco e fica em um espaço geográfico importante historicamente para Londrina, na rua Benjamin Constant e nos arredores da praça Rocha Pombo, da antiga estação ferroviária, hoje Museu Histórico Padre Carlos Weiss, e da antiga estação rodoviária, atual Museu de Arte, todos patrimônios públicos tombados. As características originais da fachada do hotel foram mantidas, de acordo com determinação da prefeitura.


“Patrimônio histórico, tombado ou não, costuma ser um lugar de contemplação. E se há apenas contemplação, há distanciamento entre a população e o patrimônio”, argüiu o professor de história. A memória de uma cidade traduzida em construções históricas deve estar inteiramente associada aos moradores do local, ou reforça-se novamente a idéia de história de elite. Há que haver circulação da população por locais históricos, contribuindo até mesmo que eles se sintam parte da História local, e não excluídos, como propõem as versões oficiais. Camelôs, ambulantes, marreteiros, trabalhadores informais são nada mais, nada menos, que profissionais que têm o espaço público como local de trabalho. E se a preocupação da estudante da ocupação do Hotel Aliança por camelôs é com a venda de produtos piratas, “o fenômeno da ‘camelotagem’ é anterior ao fenômeno que se conhece como pirataria”, conforme explicou o pesquisador em Geografia da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), de Presidente Prudente, Ivanildo Dias Rodrigues, mas essa já é outra discussão. O fato é que estabelecer um shopping popular em um lugar histórico como o Hotel Aliança permite e incentiva a interação da população com a memória da cidade, formando um cenário contrastante ao olhar da estudante, harmônico e de resistência na visão dos historiadores.

Friday, March 30, 2007

O violino mais valioso do mundo

Instrumento de corda de som inigualável. O timbre agudo atravessa as entranhas e envolve o corpo todo, levando aqueles de ouvido mais aguçado a pensar que toda sua vida, naquele momento, segue o ritmo saído de uma pequena caixa de madeira...
Lorena tinha cara de mau-humorada. Os homens a chamavam de mulher-homem, e mantinham distância. Quando criança, pegava o violino de seu pai concertista escondido e aprendeu a tocá-lo sozinha, no porão da casa. Um dia, o pai, atrasado para o concerto, encontrou o instrumento nas mãos da menina. Pegou-lhe o arco da mão, com que surrou seu rosto. A violinista dos becos escuros e úmidos tinha cicatrizes na face, formando uma figura semelhante a uma teia de aranha. Mulher. Estava fadada aos fungos.
Ramón era exímio violinista, “mas tinha umas idéias estranhas na cabeça, assim como toda sua família”, comentavam os vizinhos. Quando a família desapareceu, deixando a casa com móveis e tudo, os vizinhos ficaram sabendo que o rapaz tocava para os generais do exército. Privilegiado pelo seu talento, e classificado como retardado por não dirigir uma só palavra a ninguém, era chamado para tocar em reuniões do poder. Comentou-se, na época, que Ramón liderou uma rebelião de prisioneiros do exército que quase causou um colapso na ditadura militar. Foi executado em seguida.
Seu Antônio tocou pela vida. Seja porque vivia pela música, seja porque precisava dela para viver. Aprendeu o ofício com o pai, em um violino velho que ele usava para tocar em quermesses. Preferiu Paganini. Tentou tocar o mestre em vários bares das proximidades, mas os freqüentadores reclamaram de sono ou depressão. Tocou “Asa Branca” todas as noites por algumas moedas, às vezes cerveja que, decepcionado, dava aos bebuns do lugar.
O bilionário Sam Willian Davis comprou, na casa de leilões Christie’s, um violino Stradivari datado de 1720, por 1,78 milhões de dólares. Guarda-o com muito cuidado em sua mansão, em um local reservado livre da luz do sol e da umidade. Passava em frente a ele todas as manhãs, parava, sorria, e tragava seu charuto, cujo aroma ficava impregnado no robe cor de vinho em seda. Parou de fazê-lo já há algum tempo. Mas de vez em quando, quando chama os amigos para um jantar, entrega o violino ao sobrinho de um dos colegas que, maravilhado, toca uma música qualquer. Enquanto isso, Davis conta para os convidados a fabulosa aventura de como adquiriu um dos violinos mais valiosos do mundo.